A tragédia representada pelos quase 10 milhões de casos e mais de 232 mil mortes pela pandemia de Covid-19, até o momento, exige, minimamente, que se determine responsabilidades. Uma das expressões mais sensíveis deste cenário trágico é a dificuldade de acesso da população à vacina. Esta questão gerou mobilização de trabalhadores, como os cirurgiões-dentistas, que se viram sob ameaça de exclusão da 1ª fase da campanha.

O Plano Nacional de Imunização (PNI) define como grupo prioritário os profissionais de saúde, idosos, pessoas com deficiência e indígenas, mas o governo federal tinha em mãos, até o final de janeiro, somente 6 milhões de doses. Esta quantidade não seria suficiente sequer para cobrir as quase 12 milhões de doses necessárias para os trabalhadores de saúde. Isso fez com que estados e municípios realizassem a inaceitável “gestão da miséria” na definição de prioridades de vacinação.

Não pode haver dúvida quanto à responsabilidade do governo Bolsonaro por esta situação caótica. O SUS enfrenta situação de subfinanciamento crônico associado ao desfinanciamento derivado da Emenda Constitucional 95 que, por si só, ameaça a vida da população. Contudo, de forma mais grave, o governo Bolsonaro vem adotando, desde o início da pandemia, uma política negacionista que, além da defesa de um “tratamento precoce” sem eficácia, se assenta em diversas outras ações como a resistência em garantir o auxílio emergencial, a lentidão na liberação de recursos para a saúde, o descaso na aquisição das vacinas e seringas que de conjunto expressam, como apontou estudo da USP, uma “estratégia institucional de propagação do coronavírus”.

Em suma, Bolsonaro adota uma política deliberada e sistemática que visa evitar, a qualquer custo, que os efeitos da crise sanitária, associados à crise econômica, atinjam-no e ameacem a continuidade do seu governo. O custo, no caso, são vidas humanas, especialmente de populações vulneráveis, o que evidencia o caráter genocida do governo.

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